quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Um jantar fantástico...

Robson cresceu no Jardim Botânico, negro filho de empregada doméstica, cresceu em casa de rico, mas de gente muito rica mesmo, ganhava presentes como camisetas de time de basquete e futebol americano que os patrões de sua mãe traziam dos EUA. 12 anos completos, Treinava na escolinha de futebol do flamengo, seu sonho era ser titular do time profissional. Um dia Robson recebe um convite da dona da casa, - receberemos uma visita muito especial, um empresário americano muito famoso, vai jantar aqui em casa, será uma honra telo em nosso jantar, se arrume e esteja de banho tomado. Robson fica muito ansioso e apreensivo quanto ao encontro, nunca tinha entrado na sala de jantar, nunca imaginou jantar naquela mesa enorme com os donos da casa. Robson pensa, preciso estar bem limpinho e arrumado como a dona Fifi me recomendou. É chegado o dia tão especial. Robson Se lembra do terno que uma vez ganhou e nunca tinha usado. Se veste vai até o armário e encontra uma embalagem de pó branco, talco, que passa nas mãos e no rosto em abundância, provoca uma transmutação, Robson agora era branco, pois esse era o jeito que acreditou estar mais adequado para o encontro. As 20:00 horas marcadas Robson adentra a sala de jantar, não se movimentava muito pois temia que o talco desaparecesse, a sala foi tomada por um silêncio profundo, Robson sentou a mesa e encarou a todos, temia que seu disfarce fosse revelado. Dona Fifi balbucia palavras sem sentido, pois ainda estava perpeplexa, todos trocam olhares, prossegue o silêncio, Robson espera sua sentença. -Robson, sussurra Fifi - vá ao banheiro e remova o...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Alcides Rocha Miranda e o ICA

A nova capital era construída nos anos 60 e foi para lá que se dirigiram grandes intelectuais e importantes nomes da educação brasileira, o notável plano diretor da UNB, de autoria de Darcy ribeiro é gerado, guardando a sua alta marca pessoal, pela grande escola de Anísio Teixeira, que integrou em 62 o conselho diretor da UnB, e sucedeu Darcy na reitoria em 1963. Entre os nomes que representavam o conselho diretor da universidade estavam: Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Hermes de Lima, Frei Matheus Rocha, Abgar Renault, Oswaldo Trigueiro e Alcides da Rocha Miranda esse ultimo o idealizador do Instituo Central de Artes da UnB. Do envolvimento com a criação da universidade para a reelaborarão da idéia de um verdadeiro ensino de arte foi um passo, Alcides começa a articular o extraordinário organismo do ICA que será inaugurado com a criação do campus da UnB por João Goulart em 21 de abril de 1962. Importante lembrar o encontro anterior a Universidade quando Anísio convida Alcides para projetar Nos anos 40 o centro educativo de Arte teatral em salvador e ainda na mesma década, chama Alcides para fazer o instituto do professor primário na USP. O convívio com Anísio Teixeira em trabalhos comuns tão pontuais já configurava a identificação de Alcides com a prioridade, a utilidade e a urgência da renovação do ensino no país. O instituto de artes foi criado com a função fundamental de dar a toda comunidade universitária e à população de Brasília oportunidade de experiências e de apreciação artística. Em lugar de complexos currículos com a pretensão de formar pintores, musicistas e artistas criadores em outros ramos, a universidade se empenhará por trazer para o convívio do seu campus grandes artistas nacionais e estrangeiros para programas informais de aprimoramento de jovens artistas, selecionados pelo vigor e originalidade. Athos Bulcão, professor de artes plásticas e pintura também deu seu depoimento sobre o ICA: Foi uma experiência fascinante, que só as pessoas que viveram podem saber. Havia uma convivência com os alunos e um espírito de pesquisa únicos, que eu acho irradiava da figura de Alcides. Da modéstia e ao mesmo tempo do respeito que ele impunha. No ICA era possível orientar sem ser propriamente orientador. Ensinar arte é impossível: a gente mais ou menos ajuda a pessoa a se descobrir e a se desenvolver, porque cada ser humano é completamente diferente do outro. Música, cinema, experiências e debates constavam do dia-a-dia curricular. Os alunos gostavam tanto do novo ensino que iam à noite para a universidade. A estrutura do curso buscava a interdisciplinaridade: todo aluno tinha o dever de cursar matérias de outra escola. Em depoimento Alcides nos diz claramente em seu belo texto sobre o ensino e educação pela arte, publicado em 1990. “Progride-se quando se está em contacto com a produção, com a técnica viva, com a matéria. Nada se cria no intelecto sem a absorção pelos sentidos. Nossa civilização não há de continuar No caminho da desintegração que se manifesta na arte e na técnica, devemos salvar e redimir a pessoa desprezada, e isso significa que devemos dirigir para as artes a vitalidade e a energia hoje consumidas quase totalmente por uma técnica despersonalizada. A primeira etapa a vencer é destruir nos alunos as inibições e os preconceitos que anulam a sua capacidade de criar a capacidade de inventar”. Tudo isso é apagado do mapa em pouco tempo. Na manhã de 9 de abril de 64 a universidade é tomada pelos militares que entram com metralhadoras em punho e fazem dos professores reféns... Resumir tudo o que foi feito no ICA seria aqui impossível. O fervor, a alegria, o encontro, a descoberta. Essas são as palavras que significam o espírito do instituto. Entre os nomes que integraram o corpo docente do ICA estiveram: Paulo Emilio Sales Gomes (crítico de cinema) Claudio Santoro, (Músico) Régis Duprat,(Músico), Alfredo Ceschiati,(professor de escultura), Luiz Humberto Martins Pereira,(fotografia), Hugo Mund, (desenho de observação) Marília Rodrigues,(gravura), Glênio Biachetti,(pintura), João Evangelista, (história da arte) Zanine(arquiteto), Athos Bulcão,(artes plásticas) Elvin Mackay Dubugras, Claus Berger, Paulo Martins, Cleber Faria Pinto, Nise Obrino, Suzy Botelhoe e Léo Dehxrimer. Fonte: Alcides Rocha Miranda caminho de um arquiteto, Lélia Coelho Frota.